sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Como comecei a fotografar


Eu comecei a fotografar através do amor.
Depois de um divórcio extremamente dolorido e devastador perdi tudo. Fiquei no limbo por 8 meses quando meu primeiro amor ( e primeiro homem) me reencontrou.
Com ele veio a fotografia e assim com o apoio e ensinamentos dele aprendi o beabá na fotografia.
O caso acabou,a amizade permaneceu por mais algum tempo ( esta se findou também) , mas foi somente a fotografia que ficou.
Não sei porque estou escrevendo isso hoje. Farei aniversário como fotógrafa somente em novembro, acho que foi porque estou remexendo em meus arquivos antigos.
Reencontrei esta fotografia. Foi tirada na época. Eu fotografava há apenas 6 meses. ( minha escola na fotografia sempre foi a rua). Eu fotografava e conversava com todos os moradores de rua que encontrava pelo centro de São Paulo.
Fotografá-los fazia parte do meu processo não só como fotógrafa, mas como uma mulher que havia perdido tudo na vida ( família, casa, dinheiro, posição, casamento e certa dignidade) Eles eram eu.
Esta fotografia não fui eu quem tirou. Raramente me deixo fotografar. 
Confesso que lágrimas caíram do meu rosto ao lembrar...
Fotografia de Leonardo Amaro Rodrigues.



sábado, 17 de agosto de 2013

E assim nasceu a Revista Alzira




Convido todos a conhecerem

São tessituras literárias (escrita pelo dramaturgo, ator e poeta Rudinei Borges) e fotográficas (por mim) que resultam de memórias/narrativas de escritores e artistas cênicos compõem o mosaico de trajetos propostos pela Revista Alzira.


http://alzirarevista.wordpress.com/

=.)

sexta-feira, 26 de julho de 2013

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Projeto: Minha nada interessante vida - Por onde eu ando



Estou vivendo um momento eremita. Converso com muitas poucas pessoas e geralmente via chat. E tenho passado muito tempo sozinha.

Longe de reclamar disso, mas sim de aproveitar o que esta suposta solidão me alimenta e contribui para o meu desenvolvimento.

Geralmente fotografo sozinha. Não que eu não goste de companhia ou que eu me ache melhor que qualquer um, mas quando se está sozinha você consegue conectar melhor o seu exato momento. Consegue também ouvir melhor teu interior.

Ouvir seu interior não é o mesmo que passar  tempo remoendo o passado. Não é viver isolado porque se acha melhor que todo mundo e não é ficar alimentando ressentimento e planejando sua vingança contra tudo e todos.

Ouvir seu interior é encontrar a paz. Compreender processos repetitivos da alma para que estes não mais se repitam. Criar sua nova realidade, estudar, ler. É sentir e observar o ambiente com uma atenção especial  e principalmente ouvir a tua alma.

Há uma amiga que saio para fotografar junta, mas isso s´é possível porque temos, mesmo juntas, momentos em que fotografamos sozinhas também. Compreendemos o processo e há um enorme respeito uma pela outra.

O processo criativo é intransferível e pessoal e por isso cada um deve viver  teu e sozinha descobrir seu caminho. Ninguém caminha por você. Só você pode realmente viver a tua vida.

Neste meu momento eremita caminho muito pelas ruas e por estas ruas e lugares me conecto e fotografo.

Espero que gostem
















Projeto: Minha nada interessante vida: Destinos difíceis aos quais me identifico.

Muitos dizem que fotografar moradores de rua ou pessoas aos quais estão sofrendo não é arte. Outros dizem que é exploração da miséria humana, enfim, muitos dizem muitas coisas.

Eu fotografo moradores de ruas de que alguma forma interpretam algo que tenho dentro de mim. 
Nós fotografamos o que nos move e bem como diz Sebastião Salgado fotografamos com tudo que temos dentro de nós.

Não acredito que eu queira de alguma forma explorar a miséria humana. Primeiramente porque todos temos nossa parcela de miserabilidade dentro de nós.

Quando comecei a fotografar eu vivia em um momento muito delicado. Havia me separado a algum tempo. Não morava com as minhas filhas ( até então ainda não moro). Trabalhava em um emprego que pagava-se muito, mas muito pouco. Havia voltado a morar com a minha mãe ( Diga-se de passagem que mesmo com ela me aceitando o preço e a cobrança emocional para a minha alma e paz foi muito alto) e estava completamente perdida em relação a como sair de toda esta situação. Em suma eu era uma moradora de rua na alma. Havia uma completa identificação com estas pessoas aos quais não tem ninguém e nada na vida. 

Com o tempo minha vida foi caminhando e através de muito trabalho foi (está) mudando. Conheci neste meio tempo um processo terapêutico chamado constelação familiar aos qual me ensinou a sentir a alma das pessoas bem como ver o mundo também com outros olhos. 

Para uma professora e estudante (eterna) de filosofia e fotógrafa isso agregou ainda mais o meu ser. 

Hoje ainda fotografo moradores de rua, porém tenho uma outra abordagem. primeiramente não os enxergo como miseráveis e muito menos como perdedores. Mesmo com todo aspecto que aos olhos do mundo é muito negativo eu os vejo como grandes vencedores que seguram no dia a dia aquilo que ninguém mais quer segurar ou viver. 

Ainda possuo identificação com eles justamente porque a minha abordagem também mudou em relação a mim mesma. Me identifico porque também me sinto (fui e aceitei ser) excluída por muita gente. Só há exclusão quando há incômodo, ou seja, hoje em dia é muito fácil excluir o que nos incomoda, basta "deletar" com um clique por exemplo. 

Há uma musica do foo figthers chamada "The pretender" em que há uma passagem que diz:  
"Eu sou a voz dentro de sua cabeça que você recusa a ouvir
Eu sou a cara que você tem de encarar, refletido no seu olhar
Eu sou o que resta, Eu sou o que é direito. Eu sou o inimigo
Eu sou a mão que te derruba, que te deixa de joelhos."

E isso traduz muito o que sou, o que represento no mundo e esta questão toda a qual expliquei acima. 

Concluindo, eu não fotografo apenas moradores de rua, fotografo a mim mesma, fotografo vencedores  e fotografo o que incomoda, enfim, fotografo almas. 
=.)